A lei nacional do piso do magistério tem provocado uma celeuma, país afora. Governos estaduais e municipais tem travado acalorados debates sobre a forma como a lei deve ser aplicada. Todos dizem ter a educação como prioridade, mas alguns não conseguem o cumprimento da lei. Alguns casos é compreensível, e será necessário um tempo para adequações, principalmente orçamentárias, outros tem recorrido ao Ministério da Educação quando comprovadamente não conseguem com os recursos da educação, pagar tal piso. O maior entrave para muitos estados e municípios, é aplicar a lei do piso na carreira. O que indiscutivelmente é necessário, sendo que uma lei completa a outra. Mas alguns não o fazem, simplesmente porque a educação é prioridade só na eleição.
O problema na cultura política brasileira, é que a maioria dos administradores não compreendem o que de fato é prioridade. Ou seja, prioridade é sinônimo de preferência, de primeiro. Significa dizer que num todo, ou em meio a vários, você deve dar preferência a algum; existe um primeiro, e um último. Assim é na política. Quase a totalidade da população compreende que o dinheiro arrecadado por impostos é insuficiente para atender todas as demandas de serviços públicos garantidos constitucionalmente. Nem nas mais sólidas democracias de países desenvolvidos tem se alcançado isso, e existe até dificuldades em se manter a qualidade de vida existente hoje. É justamente decorrente desta realidade, que os políticos e partidos vem elegendo prioridades, ou seja escolhendo algumas coisas para serem feitas primeiro, e outras depois. Mas muitos políticos, continuam prometendo prioridade para tudo. Ou seja, tudo é principal, e tudo será feito primeiro.
Por tudo isso, vemos diferentes realidades nos municípios brasileiros. Cada qual, conforme suas prioridades, escreve uma história. Existem municípios que de fato priorizam a educação, outros a saúde, outros a infra estrutura, e há aqueles que investem em políticas assistencialistas, com objetivo de manter seus cidadãos sempre dependentes, criando um círculo vicioso que mantem no poder quem as pratica. O certo é que aqueles que priorizam a educação e a infra estrutura, com o tempo colhem a saúde, o emprego, o desenvolvimento e a qualidade de vida.
Hoje em Vidal Ramos, nas nossas escolas, ficou evidente que a educação foi valorizada de forma diferente. O Estado que paga salários bem melhores, admite a legalidade da lei do piso, e compreende que ela é importante, tanto quanto aplicá-la na carreira, e, alega apenas, que não tem dinheiro para pagar no momento, mas dialoga com o sindicato para a busca de uma solução para a categoria, e consequentemente para a qualidade da educação. Já no município, onde a cultura do medo sempre reinou, uma vez que nem local de trabalho fixo garantido os professores possuem, não há qualquer sinal do cumprimento do plano de carreira. Infelizmente.
É verdade sim que para os políticos em época de campanha eleitoral, e já já veremos isso, dizer que educação é prioridade é normal. É verdade também que isso sempre é da boca pra fora. Agora, desculpe Juarez, mas dizer que quase a totalidade do povo entende que os impostos cobrados, os mais caros do mundo, não dão para manter os serviços previstos na constituição é forçar a barra. Se fossemos um país sério teríamos dinheiro sobrando e certamente serviços de primeira qualidade a nossa disposição. Dizer que o governo estadual tem boas intenções, que quer cumprir a lei também é forte. se quisesse cumpriria... A verdade é que entra governo e sai governo, seja este municipal estadual ou nacional é a mesma coisa, um professor vale menos que um saquinho de pipoca. Mas a culpa não são dos nossos "honrados" políticos. A culpa é nossa, nossa sim, do povo que acredita nas MENTIRAS ditas por eles a cada eleição. Cada povo tem o governo que merece!!
ResponderExcluirOlá meu amigo Calinho !!!
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de lhe agradecer muito por acompanhar o blog, e principalmente por comentar, pois a partir dos comentários posso aprender, crescer, e fazer minha auto crítica. Este blog tem entre seus objetivos, discutir, problematizar, trocar ideias e opiniões.
Quando falei em totalidade do povo, certamente errei sim. Os impostos no Brasil são altíssimos, e se não houvesse corrupção, tudo seria diferente. E como cidadãos de uma democracia, aprendemos que os direitos constitucionais precisam ser alcançados por todos nós. Mas acredito que meu erro foi muito mais por me expressar mal. Explico... é que analiso a situação do Brasil no seu contexto histórico, oriundo de um subdesenvolvimento crônico que se arrastou por décadas. Dependência econômica, subserviência, ditadura, dívidas ao FMI,dependência de tecnologia externa, só para citar algumas deficiências. Pois bem, acabou-se a ditadura e mergulhamos numa era democrática, modernizamos nossa legislação, nova constituição, direitos restabelecidos. Acontece que a economia não muda por decreto, ela é dinâmica e integrada ao mundo cada vez mais globalizado. Nosso PIB e nossa carga tributária não dobraram de um momento para o outro, para dar conta dessa nova demanda vinda da nova constituição. Porque saúde e educação de qualidade, entre tantos outros direitos que temos, para toda a população, tem um custo bastante alto. Vemos países desenvolvidos,com democracias sólidas e com pouca corrupção enfrentando graves crises, não dando conta também de atender suas populações da maneira como devem. Mas isso de maneira alguma tem objetivo de mascarar a corrupção brasileira, que com certeza consome alguns preciosos bilhões anualmente, que poderiam amenizar muitos males que afetam os Brasileiros. Mas, acho que estamos no caminho certo, com leis de transparência e de ficha limpa, entre outras que poderão dar a população, mais ferramentas para o controle público do dinheiro público. Dessa maneira a população poderá ficar cada vez mais informada e escolher melhor seus representantes, para podermos cada vez mais melhorar o país a partir da nossa arma, O VOTO ! Agora isso é um processo histórico que precisa ser construído a cada nova eleição, e no dia a dia como cidadãos mais ativos e participativos, que compreendam melhor o funcionamento da administração pública e seus instrumentos de fiscalização. Mas não podemos de maneira alguma perder o foco como você bem disse, de que o dinheiro de impostos precisa ser muito melhor aplicado !!!
Com relação as diferenças entre governo estadual e municipal, você também tem razão, e eu , outra vez me expressei mal. Posso ter passado a impressão de que os professores do estado ganham bem... E isso não é verdade, tanto que ano passado fizemos uma grande mobilização. É que os professores de nossa rede municipal ganham bem menos ainda que os da rede estadual. é uma realidade local, e triste. No estado pelo menos o governo está dialogando com os professores via sindicato, e reconhece que o plano de carreira precisa ser respeitado, o que não acontece aqui. Por isso fiz esta diferenciação. Mas é preciso uma valorização dos professores em todos os níveis governamentais com certeza, e a Lei do Piso veio justamente para contribuir.
Muito obrigado por sua participação Calinho, e continue acompanhando o blog.... abraço !!!
Fico feliz em ver pessoas com motivação pra tentar mudar o que está errado. Entendi que a situação em Vidal Ramos é pior ainda, acho mesmo que o que falta a todos que governam é boa vontade, que até aparece em épocas de campanhas eleitorais, seja o partido que for, quem vence esquece saúde e educação...Não conheço a realidade local, aqui, em Balneário, um professor formado, ganha por 20h R$ 1080,00 já contando os 30% de regência. De qualquer forma o grande vilão disso tudo são os políticos corruptos, esses sim precisam ser dizimados!!
ExcluirCom certeza !
ResponderExcluirQuanto aos salários, aqui em Vidal um professor formado recebe para 40 horas semanais R$ 1.451,00 e a isso só se acresce R$ 130,00 de vale alimentação ! Daí vem os descontos !