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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dilma na Assembléia geral da ONU

  •   22/09/2011 

OPINIÃO DA RBS

Novo protagonismo

Altivo sem parecer arrogante, comprometido com a democracia sem romantismo, crítico da governança mundial mas disponível para contribuir no seu aprimoramento e consciente de que a crise econômica só será solucionada com ampla colaboração entre as nações: esta, em síntese, é a imagem do Brasil que emerge do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na abertura da 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Primeira mulher a falar na abertura da reunião anual da ONU, a presidente brasileira aproveitou para homenagear as mulheres de todo o mundo e para apoiar ações contra a exclusão e o preconceito, além de defender o ingresso pleno da Palestina na instituição. Mas, como não poderia deixar de ser, foi na crise econômica que concentrou a maior parte de sua fala e, também nesse aspecto, reafirmou a disposição do Brasil em favor de um novo protagonismo.

A presidente da República fez um alerta oportuno ao argumentar que as mudanças na governança global precisam acompanhar o mesmo ritmo das transformações registradas em âmbito mundial. Lembrou, a propósito, que há quase duas décadas são debatidas reformas nas Nações Unidas, sem qualquer avanço, que o mundo precisa de um Conselho de Segurança capaz de refletir a realidade atual e, é claro, que o Brasil está pronto para assumir seu papel como membro permanente. E, além de saudar os protestos da Primavera Árabe, afirmou que só a Palestina livre poderá atender aos anseios de Israel por segurança. Uma de suas justificativas para este posicionamento foi o fato de ser procedente de um país no qual árabes e judeus convivem em harmonia.

Mas foi em relação ao enfrentamento da crise econômica global que a representante brasileira se mostrou mais contundente. A presidente reafirmou o rechaço às políticas protecionistas, pediu o fim da chamada guerra cambial e advertiu que, a exemplo da ONU, os demais organismos multilaterais precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica. O recado foi de que, ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores, ou sairemos todos derrotados. A questão é que nem os Estados Unidos, nem a União Europeia, no centro da crise, se mostram dispostos a estender a mão às nações emergentes, nem demonstram predisposição para um enfrentamento conjunto das dificuldades.

O mundo desenvolvido, porém, precisa abrir mais espaço nos organismos multilaterais, para países em desenvolvimento com potencial para ajudar neste momento difícil, como defendeu nas Nações Unidas a presidente Dilma Rousseff. Por isso, o que importa não é se a pauta presidencial na ONU se mostrou repetitiva, ao repisar bandeiras de seus antecessores, mas, sim, que o Brasil e outros países em ascensão precisam insistir nela, até os avanços se confirmarem.

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